A véspera

É a véspera do dia que pode ser o início da minha nova vida. 

É a véspera do dia em que tudo vai ficar exactamente como está. 

Devia guardar a ansiedade para este tipo de situações, mas a ansiedade já faz parte do meu dia-a-dia.

Na prática. Continuo ansiosa, contudo, mais do que normalmente.

É meio-dia e ainda não tenho nenhum "bom dia". 

Terá desistido? Não é habitual. Disse eu "bom dia". Terei feito bem? Estarei preparada? Serei eu a desistir? 

Tenho de fazer uma lista de prós e contras. Penso em ir fazer as unhas, considero ir comprar umas botas. Tenho de me convencer que é por mim, para me sentir melhor comigo própria, mais segura. Mas também para fazer boa figura. Estará a fazer o mesmo?

Somos parecidos em muitas coisas (ou será só o subconsciente a dizer isso?), somos opostos em muitas outras, talvez mais substanciais. Valerá a pena? 

Eu não mudarei a minha essência. Ele não mudará também. Preocupa-me mais aquilo em que somos de facto mesmo muito opostos. Muito mesmo.

Podia evitar-me o sofrimento e cancelar. Mas se é ele? A lista dos prós é grande. Mas a de contras também começa a compor-se. No começo só há coisas boas. 

Nesse caso, cancelar pode ser a pior coisas a fazer.   

No íntimo, espero que surja algum imprevisto que me impeça ir. Um compromisso de última hora. 

Típico, deixar as grandes decisões ser tomadas por outros, mesmo que os outros não sejam ninguém. 


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